Seleção nacional responde a rumores de crise: jogadores negam ameaça de greve, FPR confirma mudanças no staff

Depois da publicação de uma notícia pelo site francês RugbyScope.fr, que dava conta de tensões internas na seleção nacional de rugby, ameaças de greve por parte dos jogadores e saídas forçadas no staff técnico, tanto a Federação Portuguesa de Rugby (FPR) como os próprios jogadores vieram hoje a público esclarecer a situação.
Em declarações à agência Lusa, o capitão da seleção, Tomás Appleton, foi perentório: “Não ameaçámos diretamente fazer greve nenhuma”. O centro português reconheceu que existem sempre pontos de desacordo num grupo de trabalho, mas desmentiu qualquer movimento coletivo nesse sentido. “Vão sempre acontecer situações com as quais alguns jogadores não concordam, mas não ameaçámos fazer greve nenhuma”, frisou.
Federação garante que prémios estão a ser pagos
Por sua vez, o presidente da FPR, Carlos Amado da Silva, também negou as alegações de salários ou prémios em atraso. “É absolutamente falso que devamos os prémios referentes à África do Sul e à Escócia”, garantiu o dirigente. Acrescentou ainda que os prémios relativos ao Rugby Europe Championship 2025 — torneio que serviu como qualificação para o Mundial de 2027 — estão a ser pagos “nos termos acordados”.
Recorde-se que a RugbyScope.fr noticiava que os jogadores ponderavam avançar com uma greve devido a prémios em falta, e que a instabilidade na equipa técnica estaria a deteriorar o ambiente interno.
Mudanças no staff confirmadas — mas enquadradas
A FPR confirmou, no entanto, alterações na equipa técnica liderada por Simon Mannix, mas sublinhou que estas decorreram de decisões contratuais e técnicas, dentro da normalidade de um novo ciclo. “O selecionador nacional foi escolhido por nós e pela World Rugby, num processo complexo e entre uma grande lista de candidatos. É óbvio que teremos de lhe dar a possibilidade de constituir a sua própria equipa”, justificou Carlos Amado da Silva.
Assim, João Mirra (treinador dos três-quartos) e José Paixão (analista de jogo) deixaram a equipa técnica, embora se mantenham ligados à FPR noutros cargos. Também Olivier Rieg (preparador físico) e Olivier Azam (treinador dos avançados) estão de saída, tendo já sido substituídos.
O britânico Andi Kyriacou, atualmente no Munster (Irlanda), assume agora o treino dos avançados. A preparação física será repartida entre os treinadores ainda em funções, visto que o cargo de preparador físico foi extinto. Já o francês Anthony Tesquet passa a liderar o treino das linhas atrasadas, e Elliott Corcoran assume sozinho a análise de jogo.
Contexto e próximos desafios
Estas mudanças marcam uma clara viragem no modelo de trabalho da seleção após o Mundial de 2023, onde Portugal brilhou frente a adversários de topo. No entanto, o arranque da nova era tem sido marcado por resultados menos positivos e apenas um jogo de preparação agendado para este verão — frente à poderosa Irlanda, no próximo dia 12 de julho, no Estádio Nacional.
Embora as alegações iniciais levantadas pelo RugbyScope.fr tenham sido prontamente negadas, a reação rápida da FPR e dos jogadores mostra que há vontade em proteger a estabilidade do grupo. O futuro da seleção dependerá, em grande medida, da capacidade de Simon Mannix em consolidar uma nova equipa técnica e de manter os jogadores focados e motivados.