Cinzas que matam sonhos.
No passado mês de Setembro a região centro e norte do Nosso Portugal foi fustigada por vários fogos. Foram vidas humanas, bem materiais, animais, natureza e muitos sonhos que se foram em questão de minutos.
Todos os dias chegavam até nós as mais variadas histórias trágicas e ou até de algum ato de heroísmo.
O Canal Balneário ficou atento a uma das imagens que correram nas redes sociais, um humilde clube sofreu uma grave derrota. Não foi a supressão de pontos, não foi uma expulsão, não foi uma lesão… foi um assassino silencioso que chegou rápido e devastou um punhado de sonhos.
A JAP, Juventude Académica Pessegueirense clube humilde da região de Sever do Vouga sofreu uma “queimadura”.
Clube fundado a 2 de Abril de 1977, tem como qualquer clube momentos altos e baixos. Seu maior momento foi a participação no campeonato Nacional da terceira divisão nas épocas 1987/1988 e 1988/1989.
Ao longo dos anos e fruto de algum isolamento urbano, tem sobrevivido com algumas dificuldades. No entanto, nesta última década foram muitas as intervenções no Estádio da Portela. Desde balneários, bancada, iluminação e relvado sintético. A JAP tem vindo a crescer em número de atletas e de escalões, também o futebol Feminino tem crescido ano após ano. O futebol Veterano tem também seu lugar neste clube.
Após dois meses da tragédia o Canal Balneário foi estrada fora ao encontro daqueles homens que seguraram as chamas no Estádio da Portela.
Fomos recebidos de sorriso aberto, mas atrás daqueles sorrisos estava uma tristeza e uma dor que nenhum nós consegue sentir.
Conversamos com quatro elementos da direção e coordenação da JAP, que nos diziam que a maior mágoa que sentem é que se sentem esquecidos.
No dia da tragédia foram muitas as entidades que ligaram e a oferecer ajuda, e mais não disseram depois desse dia. Um silêncio que nem no meio de tanta natureza queimada se “ouve” igual.
Foram aqueles que menos se espera que mais têm ajudado: sócios, patrocinadores, clubes vizinhos, clubes de mais longe, até pessoas individuais se chegaram à frente.
Nunca o disseram, mas sentimos que a FPF, AFA e entidades autárquicas se esqueceram que a JAP precisa de continuar a treinar e jogar.
Neste momento o Estádio da Portela está impraticável. Balneários sem janelas, sem material desportivo para treinar e jogar, relvado queimado e estruturas de vedação completamente destruídas.
Diariamente o clube tem de se deslocar para treinar em vários locais do concelho, obrigando a esforço duplicado a cada jogo.
O Canal Balneário de uma forma simples e modesta fez o seu humilde contributo, cabe a cada um de nós divulgar este documentário para que as entidades competentes sejam céleres no apoio a um clube que já levou pelo país fora o Nome de uma das mais belas regiões do país.
Por vezes o maior prémio que se pode dar um clube humilde, não são “cinco quinas”, são cinco dedos de uma mão forte, apertada e firme na ajuda no momento certo.
Para a “tribo” do Futebol, obrigado em nome da JAP para aqueles que ajudaram. Para aqueles mais distraídos, ainda vão a tempo de ajudar!
Deixo alguns exemplos: um euro a favor da JAP por cada atleta inscrito na AFA, receitas (ou parte delas) de bilheteira de clubes de menor ou maior capacidade financeira, material desportivo (principalmente bolas e coletes).
Um é pouco… muitos somos solidariedade!Obrigado JAP, que a vida do Clube possa erguer rapidamente e que em breve possamos voltar a ver a Portela com a bola a rolar, pessoas na bancada e o verde das árvores volte a envolver o Estadio.